sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um dia de manhã...

SILÊNCIO DESASSOSSEGADO




Sabe aqueles dias que você acorda incomodada com qualquer barulho, chiado, arrastar de chinelos? Hoje é um desses dias! Apenas hoje sinto como se o silêncio tivesse de ser absoluto. Acordei cedo, e quis ficar na cama até mais tarde olhando o teto, imaginando coisas e lembrando outras. Às vezes planejei pro futuro e desmanchei tudo em seguida, às vezes chorei e sorri (Como disse Carpinejar, o corpo não é um esconderijo seguro.). Mas queria ficar ali em silêncio e só, pois ele me completava por demais naquela hora. E na minha mente passou um filme da minha vida, meio que uma retrospectiva de tudo... Da minha infância até os dias do agora, desse momento que estou escrevendo! Eu não sei como eu cheguei aqui, porém parece que não é verdade um monte de coisas que me aconteceram. Coisas ruins, daquelas que a gente sempre acha que nunca vai passar. E coisas perfeitas, daquelas que a gente sempre pede pra nunca acabar. Faz tempo que não converso com Deus, e aquele silêncio também era Ele, que me confortava de alguma coisa que eu sentia prendendo minha respiração e apertando meu coração. Ele veio sem palavras e aliviou isso. E contei tudo a Ele, tudo que vem se passando comigo, o que tenho sentido, o que venho querendo por demais e o que não quero de jeito nenhum. Pedi desculpas por um monte de coisas, pela pouca fé, pelas dúvidas... (lamentavelmente eu sou assim, dispersa e frágil!). Eu não me lembro de tudo (ah, como me trai a memória!), tinha vez que eu pensei estar dormindo, tinha vez que eu pensei que Ele tava deitado do meu lado, como meu Best e estávamos deitados de maneira igual - cabeça no travesseiro, braço direito em cima da cabeça, perna direita cruzada sobre a perna esquerda, mão esquerda sobre a barriga... - Quando olhei que estávamos na mesma posição, fiquei meio pasma, mas Ele sempre faz umas coisas estranhas, que surpreendem. Acho que esse silêncio que eu tanto busquei, foi Ele querendo conversar comigo, porque viu tamanha angústia com que fui dormir ontem. Viu que me sentia sem calma e sem paz. A sensação repentina de estar sendo esquecida como um recado que era pra ser dado com urgência. Eu me sinto urgente como a sede, a fome e a dor... Tenho sentimentos que transbordam e não posso morrer afogada neles. Não me sinto urgente como fosse o que todos deveriam ter, me sinto urgente como quem deveria ter todos ao meu redor todo o tempo! Sou desse tipo de urgência, que prefere se doar mais que receber. Acostumei-me a não acreditar em tudo que me é dito, mais em dizer toda verdade que há em mim, embora que por vezes seja contraditória, mas falar tudo (ou quase tudo!).

Quase tudo. Porque não devo e não posso falar tudo! Nem tudo que eu tenho pra dizer eu digo, nem tudo que eu tenho pra fazer eu faço. Tem muita coisa em cartas que escrevo sem mandar, em poemas que escrevo sem mostrar. Coisas que falam de amor, de amizade, de tantos sentimentos em detalhes, sensações... Coisas que observo!... Coisas que quando as pessoas merecerem um dia eu vou contar. Coisas que talvez eu já tenha contado em silêncio e ninguém percebeu. Coisas que meus olhos falaram, que meus gestos demonstraram num toque qualquer, que na respiração e na fala eram diferentes... Essas coisas que não podem ser ditas em público e eu escrevi tudo pra um dia, quem sabe, mostrar mais de mim. E o silêncio, e o meu quarto, e as paredes impregnadas de segredos que conto dormindo, meus sonhos, meus anseios, meus temores, expectativas, eu e tantos outros que me rodeiam e mais aquelas coisas que ficam onde ninguém vê.

Hoje eu acordei querendo silêncio e só agora entendo por que.

Tamires Correia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por comentar no blog sentimento liquido, volte sempre!