quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Palavras

Palavra por palavra já engoli todos os afetos e desafetos que senti de dentro para fora, e que recebi de fora para dentro. Chorei imensas mágoas e dores que eu mesma criei dias e noite a fio, tentando tecer sobre versos boas esperanças de me desfazer das angústias e expressar algo que pensava ser bom. Palavra por palavra me deleitei, me despi, expus minhas vísceras ainda vivas que agonizavam. Por horas, me envenenei ao sabor da minha própria ira e morri torridamente. Palavra por palavra renasci, em cada letra que compunha, quando sem menos esperar, ao ver aquele olhar exasperado que quase comia palavra por palavra tudo o que escrevera...

Palavra por palavra eis aqui, vida e morte de todos os dias, as que sinto e não escrevo, as que escrevo e não sinto. Aquelas que ficam presas "na ponta da língua" e que não se sabia por que não saiam, descobri enfim que não podiam, ou delas sairia ternura ou ira desmerecida, a quem não coubesse sequer uma palavra fria. E palavra por palavra, uma a uma, comiam-se versos, prosas, contos e poesia, transformando-se em jornais, certidoes de nascimento, cartas de amor, livros e livros, e em obito se desfazia...

Eu, palavra por palavra vivo, e morreria!

Tamires Correia

domingo, 9 de novembro de 2014

Te prometo...

Te prometo ficar com ciúme de você sempre que eu achar que aquela sua amiguinha ta muito perto de você. Te prometo ficar com raiva toda vez que você insistir num assunto que você sabe que eu não gosto. Te prometo ficar com raiva quando você esquecer de me avisar que chegou em casa bem. Te prometo te cobrar mais paciência quando você estiver na TPM e quando você estiver irritada comigo sem que eu lembre o motivo. Te prometo cantar desafinado e te fazer cosquinha. Te prometo esquecer pelo menos uma vez a data de namoro. Te prometo fazer coisas vão te deixar irritada. Te prometo ficar bêbada e te fazer vergonha. Te prometo rir da sua cara de braba quando você ficar com ciúme de mim. Te prometo insistir para fazer as pazes logo. Te prometo pegar no sono e não escutar o telefone tocando. Te prometo sair sem te avisar por não ter dado tempo. Te prometo deixar o celular descarregar e ficar sem conseguir falar contigo. Te prometo cair na rotina. Te prometo brigar contigo por qualquer motivo que eu ache justo. Te prometo que não vou parar beber e fumar sem que eu tenha vontade. Te prometo ir a festa daquela tua amiga chata mesmo de cara amarrada só por tua causa. Te prometo implicar contigo por causa da academia. Te prometo chorar quando achar que você não me quer mais. Te prometo sair batendo a porta como grosseria quando você me acusar injustamente. Te prometo usar aquela blusa que você odeia. Te prometo que vou me atrasar muitas vezes pros nossos encontros. Te prometo não deixar de ser boba. Te prometo continuar amiga dos meus amigos mesmo que você não goste deles. Te prometo ser infantil em muitos momentos. Te prometo te decepcionar algumas vezes na vida. Te prometo ser possessiva. Te prometo ficar estranha do nada. Te prometo não cumprir todas as promessas que eu não prometi aqui. Te prometo nunca ser a namorada perfeita. Te prometo todas essas e muito mais coisas que a gente nunca promete, mas cumpre mesmo assim.

Tamires Correia

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Ser você

Não sei ao certo quem você é, mas queria que eu fosse um pouco de você ai dentro onde ninguém sabe o que acontece. Queria ter sido um pouco do teu café da manhã, mas queria ser também um pouco do teu lençol. Queria ser teu perfume por um dia ou mesmo aquela frase que você escreveu no caderno. Quando você fosse deitar, talvez um pouco da tua insonia e quando você acordasse, um pensamento ligeiro. Se eu fosse um pouco da tua pele para te guardar do frio ou até aquele pedacinho onde você deixa o sol bater. Queria tanto saber quem você é e ser um pouco de você que em mim, eu acabo sendo tanto você que já não sei mais diferenciar quem sou, se sou eu mesmo ou se sou você quase inteira. Queria às vezes não saber mais nada e deixar que você seja quem quiser ser, mas ainda impregnada dentro de mim, nas minhas entranhas, na minha epiderme, no lugar onde já deveria ter saido e por mal criação e por desobediência, teima e insiste em ficar... Teima em fazer de mim o que quer e eu, que não sei quem tu és, sei que eu sou muito você!

Tamires Correia

sábado, 10 de maio de 2014

Partidas



Ir embora de verdade é quando a gente leva junto a cabeça e o coração e tudo quanto mais a ele pertença. Requer uma força inexistente e uma espera de que o tempo resolva todo e qualquer problema e que chega a ser sobre-humano o esforço que a mente faz, não para esquecer, mas para não lembrar. É algo parecido com saber que todos os seus órgãos vitais estão a um passo de se romperem e nunca mais voltar a funcionar. Ir embora exige uma coragem que não se tem verdadeiramente, mas que sabemos que é preciso para que não haja mais mágoa, não haja mais dor, não haja mais motivos para o que um dia foi bonito seja transformado em um simples passado, mas para que permaneça intacto mesmo que muitas coisas ruins já tenham acontecido, e não é fácil, é bem difícil. Tão difícil que dói por dentro e por fora, cada momento é como se eu tivesse sendo esmagada, triturada, como se eu tivesse sendo torturada pouco a pouco... Mas que é preciso deixar que isso aconteça até que a cura seja completa. Ficar perdida, vagando por quanto tempo for necessário até que eu possa me encontrar, ir embora é se perder e se encontrar depois, passando por cada momento bom e ruim que virá a seguir, cada frio, cada música, cada sorriso quando a vontade é chorar e resistir. Ir embora é matar algo que ainda vive dentro de nós, é morrer e lutar para renascer, mas renascer forte e não mais fraca. Ir embora é lutar contra os próprios pensamentos, contra a sua força de querer permanecer, contra a sua história... Ir embora é também voltar, depois que estiver pronto e se não tiver, não voltar. É assim... Ir embora quando a vontade é ficar, mesmo que não haja mais forças nem para levantar a cabeça e ainda assim, ir. Ir embora é ir embora e só, ainda que o sangue escorra junto com as lagrimas, ainda que o suor caia nos olhos, ainda que a vontade seja ficar. Ir embora requer o mesmo amor que você tinha para ficar.

Tamires Correia

domingo, 27 de abril de 2014

Coisas que tenho aprendido sobre o amor..



Eu aprendi a amar. Mas não amar da boca para fora, aprendi a amar de verdade, com tudo que o amor tem direito, inclusive com a dor que só o amor é capaz de proporcionar. Descobri que ele não é paciente, pelo menos não o amor que eu aprendi, o meu amor é urgente como quem tem pressa em salvar uma vida. Aprendi que o amor é aceitação, onde a gente tem que aprender a aceitar os defeitos do outro sem querer mudá-lo, sem querer que ele seja diferente, sem querer que ele se adeque aos nossos gostos, sem querer que ele faça apenas o que queremos. Aprendi que o amor não acusa, não joga na cara, não humilha, não menospreza o ser amado, mas cuida dele como fosse o mais importante a ser feito, que enaltece suas qualidade e lembra que seus defeitos podem ser melhorados para se tornarem mais agradáveis. Aprendi que o amor tem uma memória infalível e te faz ficar lembrando até as coisas mais bestas, do jeito de sorrir para cada situação, daquele carinho que te aconchegou por mais simples que fosse, da maneira de mexer no cabelo e do jeito de olhar, aquele olhar que te envolve... Aprendi que o amor faz chorar também, às vezes aquela lágrima que você achava que nunca iria acontecer e sim, escorre quente na face, te fazendo se perguntar o que houve e sem compreender, se calar para que o tempo te dê sabedoria suficiente para passar por cima daquele sofrimento. Aprendi que o amor surpreende, mas que precisa de demonstrações, de algo que mostre ao outro aquilo que você não vai precisar falar, mas que se esforça pra te fazer feliz. Aprendi que o amor não sai de dentro da gente, mesmo que a gente esteja com mágoas guardadas. Ao contrário, parece que ele toma força e somente no outro é capaz de sossegar. Aprendi que o amor às vezes é dizer não, quem ama não pode simplesmente fazer tudo o que o outro quer, ou então vai ser submissão. Mas o amor é um pouco de submissão, de anulação e de possessão também, mas infelizmente, o amor também é ciúme. E ciúme não é desconfiança, mas medo de perder.. E ai a gente perde a pessoa e descobre que todo medo vem acompanhado da segurança que o outro precisa passar, pois o amor, o amor também tem que ser certeza. Assim, o amor não pode ser "eu acho", mas tem que ser "eu quero", o amor não é apenas o querer próprio, é o querer do outro. A quem ama sozinho, dá-se o nome de amor platônico, mas quem ama a dois dá-se o nome de amor, apenas amor. Aprendi que quando a ama junto com alguém, a gente não deixa a pessoa amada, mas a gente se torna um só. Amor é presença, é mãos dadas, é filminho, praia com cerveja, briguinhas, sexo, presentes, fazer carinho, caretas, dar beijo e abraço apertado... O amor, amor é ser eterno namorados. Aprendi agora com o amor, que ele também é tempo, tempo de deixar que cada um se encontre ao seu modo e se um dia, todo esse amor sobreviver a todas essas coisas, seremos amor eterno.


Tamires Correia

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Eu e Ela

Eu gosto de comida apimentada e salgada, ela gosta suave e doce; ela gosta de maquiagem e batom vermelho, eu beijo; eu prefiro escrever, ela prefere ler; eu e ela, música, filmes e cachaças. Ela gosta de estampas, eu gosto liso; eu sou exagerada, ela é dominadora; ela estudiosa, eu desleixada; eu e ela, chocolate, sorvete e pizza. Eu adoro calor, ela o frio; ela vai ser delegada, eu escritora; ela assiste seriados, eu assisto novelas; eu fico na preguiça, ela malha; eu e ela, quarto, cozinha e sala. Ela quer filme de terror, eu quero drama; eu olho de frente, ela de relance; ela parte pra cima, eu estanco; ela briga comigo, eu reclamo; eu e ela, guerra, paz e romance. Ela livros, eu estante; ela me seduz, eu me dano; eu faço graça, ela sorri; ela diz que não, eu digo sim; eu faço carinho, ela vermelha; eu amarelo, ela verde; eu e ela, perfume, preguiça e caretas. Eu touro, ela câncer; ela desconfiada, eu grudinho; eu ciúme, ela brava; ela reclama, eu mordo; eu e ela, yin e yiang.


Tamires Correia

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Sobre o amor...



Eu nunca fui muito o tipo que acredita no amor, ou pelo menos é o que eu achava que acreditava. Sempre me desfiz muito dele e ria de quem achava que ele era tudo. Ah, o amor era para tolos e tudo o que levasse a um relacionamento se tornaria em algo cada dia mais falido. Tola! Eu dizia coisas ruins sobre o amor e na verdade esperava que ele aparecesse numa fila de supermercado numa troca de olhares, ou quem sabe fosse aquele melhor amigo com quem eu vivia grudada.. Pensei até que ele estivesse numa dessas baladinhas da vida.. Mil vezes fui tola tentando me enganar que o amor era ruim e torcia como uma louca pra que ele viesse entrar em minha vida. O amor não era conto de fadas e eu sempre vi tantas histórias de amor fracassadas ao longo da minha curta vida, como eu, forte e esperta poderia acreditar nele? Percebo hoje que me enganei tanto sobre o amor, até que eu conheci ele pessoalmente, me sorrindo, sentada numa praça e com uma cara de desconfiada que não tinha tamanho. Estava lá, e eu pensava: sei que é ela! E sim, o amor surpreende e renova todas as maneiras de ver a vida. Coisas que descobri sobre o amor num relacionamento? Ele não é paciente, mas é compreensivo. Ele nem sempre é romântico, mas é cumplice. Ele não condena, mas observa atentamente seus gestos e passos. Nunca diz tudo sobre o outro, mas a gente sabe que é de verdade. Não mente, mas sabe que o outro nem sempre acredita. Ele então desvenda os mistérios da vida nos olhos da pessoa, ele surpreende, ele impulsiona e incentiva. Ele faz se morder de ciúme e de raiva... O amor não é para tolos, é para os dispostos, para os que enfrentam o mundo e sim, sabem sorrir e chorar, para os que sabem reconhecê-lo! Sobre o amor, só posso pensar em uma palavra que possa dar a chance de conhecer e viver: ACEITE! Por que na verdade, é isso que ele é, aceitação. Aceitar é confiar, entender, dialogar, enfrentar, ser feliz... Se você não aceita ele, ele realmente não foi feito pra você!


Tamires Correia

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Mil mundos...


Com tantos outros mundos para entrar, eu escolhi o seu. Tantos mundos mais leves, mais fáceis, mais tranquilos e mais disponíveis, escolhi entrar num mundo que é uma verdadeira bagunça, onde é tudo tão intenso e tão confuso, onde cheira a vida em carne viva, onde não tem espaço, onde eu não caibo e aos poucos, mas não de maneira comum, tive que ir derrubando muros, dando porradas, puxando e esticando aqui e ali pra garantir um lugarzinho na fila de trás desse mundo chamado: tua vida. Um lugar ora manso, ora terceira guerra mundial; ora mansidão de criança dormindo, ora choro de criança com raiva; ora carinhos, ora palavras duras. E me vi despencando de penhascos e me despedaçando, mas tentando me agarrar nos lugares mais difíceis pra me manter aqui, nessa vida que é tua. Pra permanecer mesmo sabendo que outras pessoas foram embora, pra guardar minha vaga nesse coração e nessa lembrança tão cheia de outros mundos. Que pra mim, não há o menor problema pois gosto de estar nesse lugar que sempre me surpreende e que muda vez ou outra de posição como as fases da lua, que não sabe mais ilumina como o sol, e faz bem porque é um mundo bom. E se todas as pessoas enxergassem tal lugar como eu, veriam que existem muitos falsos mundos, que não são iguais ao teu, mas que esse sim, tem a preciosidade de muitas jazidas do diamante mais puro de qualquer outro mundo.

Tamires Correia