sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Da Cor Mais Doce

Eu ;))

O vento forte tenta abrir a porta enquanto espero o apito do homem que vende algodão doce. Passei tantos dias em preto e branco, que hoje quero o algodão da cor mais doce que tiver. Cansei de ficar triste para sempre, preciso re-conhecer o sorriso e deixar que ele se lambuze na minha face como na infância, em que eu andava sem nada nas mãos e sem peso nas costas. Que esse sorriso seja como uma estrada que caminha longamente ao paraíso externo das coisas internas que não existem mais. Que a vontade seja maior que a força do hábito de não sentir mais nada e não querer ser nada. Ainda espero sentir aquela brisa leve e doce que se sobrepõe nas várzeas, onde os meninos passam correndo e jogando bola. A estéril sensação do não sentir não deve mais viver dentro de quem ainda acha que tem vida e que esta, pode sim, ser maior que algumas lágrimas e frustrações medíocres. Levantarei o queixo frente a saudade e seguirei passo a passo a procura do fim dessa dor antes infinda, antes perseguida, antes machucada e levantarei a bandeira da felicidade custe o que custar. Ainda esperarei ávido o pouso daquele esboço de sorriso em meus lábios para que a vida não seja mais um martírio, não seja mais um lamento rancoroso. E aquele algodão doce, aquela cor de açúcar que colore os dedos, colore a alma... Aquele é só uma desculpa pra eu falar da tristeza que tanto quero esquecer. 
Ir até o horizonte com o olhar intenso de quem busca uma maneira qualquer de viver, viver de verdade e levar a sério as brincadeiras. Daquela recordação esquecida àquela recordação fotografada, quando brincava menina descalça na rua de casa e voltava chorando para os braços de minha mãe, minha rainha, que se fazia mais humana que minha própria dor e via nela o meu sofrimento a cada corte, a cada gota de sangue derramada, a cada rejeição dos colegas por ser a mais nova, a inútil criança mais nova, que sempre era café com leite onde quer que eu fosse. Hoje não mais uma criança, tendo em vista meus 25 anos de poucas histórias, mas que aqui dentro, bem no fundo da minha alma, não se contém mais às coisas simples da vida. Abrir a lata de lixo e me desfazer das mágoas, me retratar com palavras de amor a quem queira ouvir e comprar bombom para refazer o medo das cáries. O algodão doce foi só um pretexto pra eu falar um pouco da amargura que não quero mais em mim, porque a vida, ela é tão curta que não dá pra ficar perdendo tempo com tristeza, não mais! Por isso quero colorir meus dias como o algodão doce da cor mais doce que colore os dedos, a língua e os olhos, e adoçar cada curto espaço de tempo com o sorriso que deixei de oferecer a cada pessoa que passou por mim... Quero na minha e na sua vida, um doce multi-colorido-furta-cor cheio de amor e gargalhadas.


Tamires Correia

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